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Ato simbólico em defesa de Memorial
21/12/2017 18:11 em Turismo

Conseguir o reconhecimento do espaço que pertenceu aos escravos de Piracicaba e o seu valor histórico, por meio de um 'Memorial Afrobrasileiro de Piracicaba', são objetivos de José Mariano, 82 anos de idade, da Irmandade de São Benedito. Nesta quarta-feira (20), ele fez um ato simbólico com correntes, na praça Tibiriçá, onde pretende construir uma capela em homenagem aos negros que foram sepultados no local.

“O terreno dessa praça era divido entre os cemitérios dos brancos e dos negros. O dos brancos ficava voltado para a rua Alferes José Caetano e o dos negros para a rua do Rosário. Quando foi construído o Cemitério da Saudade, os restos mortais dos brancos foram levados para lá. O dos negros ficaram aqui. Por isso, é importante a construção da capela. Todo cemitério tem uma capela para homenagear o povo negro de Piracicaba”, contou.

Ele tem o projeto de uma capela, com 44 metros quadrados, que pretende construir em uma área da praça voltada para a rua do Rosário, nos fundos da quadra da Escola Estadual 'Morais Barros'. A unidade escolar foi instalada no local desde 1900, mas o prédio é mais antigo, funcionou como cadeia.

Mariano ainda não fez o levantamento dos custos da construção e espera contar com o apoio do Poder Público e da população para erguer o memorial. Ele vai iniciar o pedido na prefeitura para a cessão do espaço nos próximos dias. “Eu vou dialogar, mostrar a importância que esse memorial terá e agir dentro da legalidade”, comentou.

Ele pretende, em janeiro, cercar a área definida para a instalação da construção com um alambrado, para esclarecer às pessoas que poderão apoiar o projeto, onde é o local da capela. Num segundo momento, ele dará início ao pedido para fazer escavações e ver se há mesmo restos mortais dos negros na praça, que não foram transferidos para o cemitério.

Para ele, todo o esforço vale a pena, mesmo enfrentando solitariamente todas as dificuldades para que o “povo negro de Piracicaba tenha o seu valor histórico reconhecido”. A cidade foi a terceira maior do Estado em número de escravos.

Contava com cerca de cinco mil. Campinas era a segunda, com aproximadamente sete mil, e Bananal, a primeira, com 15 mil escravos. “Minha avó era escrava e tenho certeza que tenho parentes que foram sepultados nessa praça”, afirmou.

Terras

No período da escravidão que durou até a Lei Áurea em 1888 e mesmo anos depois, os negros não podiam frequentar a mesma igreja que os brancos. “A Igreja de São Benedito foi construída para os negros e, o Barão de Rezende, por intermédio de sua filha Lídia, doou a extensão do terreno entre a as ruas 13 de Maio e São José para a comunidade negra.

 

“O local onde está o estacionamento da Câmara, pertencia a Irmandade, à igreja, mas toda a documentação desapareceu”, afirmou Mariano. Ele também tenta obter apoio para a reforma da igreja. “Ela foi tombada como patrimônio e precisa de muitos reparos”, disse.

Fonte: http://www.gazetadepiracicaba.com.br/_conteudo/2017/12/home/508180-ato-simbolico-em-defesa-de-memorial.html

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