https://public-rf-upload.minhawebradio.net/1847/slider/db057069d7ac27dc948c3760c7bfabc8.png
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/1847/slider/000ade17790d0c2daaeb705b633a9a01.png
Show 'Caravanas' é grito de alerta de Chico Buarque em favor da batucada da nação
14/12/2017 17:50 em Música

Se o álbum Caravanas conservou a obra de Chico Buarque em sofisticada moldura clássica, o show Caravanas passa com a mesma elegância, no tempo do artista de 73 anos, mas ganha o peso da obra construída desde 1964 e usada em cena como arma política. Dentro da habitual zona de conforto, o cantor, compositor e músico carioca se movimenta nessa cena de forma esperada, sem qualquer ousadia estilística e sem um traço de novidade como o flerte com a prosódia do rap de Criolo no show anterior, Chico, estreado em novembro de 2011 no mesmo Palácio das Artes em que Caravanas passou pela primeira vez na noite de ontem, 13 de dezembro de 2017, na cidade de Belo Horizonte (MG), ponto inicial de turnê nacional que se estenderá em 2018 por Rio de Janeiro (de 4 de janeiro a 4 de fevereiro) e São Paulo (de 1 de março a 22 de abril), entre outras capitais ainda não anunciadas.

 

Não fossem pelas sete músicas inéditas do disco Caravanas, lançado em agosto, o show homônimo poderia ter sido apresentado em 2011. A banda é praticamente a mesma, com a substituição inevitável do baterista Wilson das Neves (1936 – 2017) – morto em agosto – por Jurim Moreira, músico já presente no álbum que gerou o espetáculo. A direção musical, os arranjos e a regência dessa banda são do violonista Luiz Cláudio Ramos. A cenografia de Helio Eichbauer recicla formas e elementos (cordas e hélices, em especial) já vistos em outras molduras criadas pelo artista para shows.

 

Acima de tudo, Chico ainda é o mesmo, soberano com a voz que lhe resta. Quando arrisca canção menos comum nessa voz desgastada naturalmente pelo tempo, como a canção de exílio Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968), o cantor titubeia, esquece a letra e é socorrido pelo público que o admira com fervor. Contudo, qualquer falha, qualquer limite, se apequena diante da grandeza da obra e dos significados dessa obra, realinhados no presente contexto social, em roteiro especialmente apurado, bem encadeado, que manda recados políticos entre canções de amor que resistirão ao tempo dos Futuros amantes (Chico Buarque, 1993).

 

Chico Buarque no show Caravanas (Foto: Leo Aversa) Chico Buarque no show Caravanas (Foto: Leo Aversa)

Chico Buarque no show Caravanas (Foto: Leo Aversa)

 

Embora tenha se pronunciado em cena sobre os ataques que sofre nas ruas e na web, Chico faz o desacato/desabafo do show Caravanas através da música, seja pedindo passagem para o povo no samba Minha embaixada chegou (Assis Valente, 1938) – única da 30 músicas do roteiro que não traz a assinatura do compositor – seja expondo a barriga da miséria carioca (e nacional) na cadência de Partido alto (Chico Buarque, 1972), cujo suingue também vem do samba-jazz evocado pelo toque do piano de João Rebouças.

Fonte:https://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/show-caravanas-e-grito-de-alerta-de-chico-buarque-em-favor-da-batucada-da-nacao.ghtml

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!